Assisti recentemente um filme, Não Olhe Para Cima, em que 2 cientistas chegam a conclusão de que haveria um choque eminente de um cometa com a terra. Com dimensões suficientes para destruir nosso planeta o corpo celeste foi, a princípio, tratado com desdém e posteriormente alvo de muitos interesses econômicos. Ignorando a orientação dos cientistas, o fato passou a ser tratado de maneira política e empresarial, gerando uma estratégia no mínimo duvidosa para evitar o mal pior.

A aproximação da ameaça a olhos vistos causou uma polarização extrema. Propagandas governamentais e uma mídia “viciada” fortaleciam a iniciativa de um guru tecnológico, de grande influência no mercado, que assumia o controle da situação através de procedimentos inovadores que garantiriam não só a eliminação do risco como também a geração de emprego e renda através da prospecção de minerais valiosos no cometa ameaçador.

Apesar do esforço dos cientistas, toda iniciativa voltada para evitar o choque fatal foi banalizada e a situação foi conduzida da pior maneira possível. Não quero dar spoiler para quem deseja assistir o filme, apenas aproveito a questão para embarcar nessa verdadeira viagem pelos meandros da mentalidade humana. Mesmo com o planeta em risco, a população mundial foi conduzida em efeito rebanho para um posicionamento irresponsável. Enfim, vivemos em um mundo loteado, em todos os âmbitos, e as pessoas que combatem essa aberração podem ser - simplesmente - canceladas socialmente e seus gritos de desespero silenciados de maneira abrupta. O mundo, mesmo próximo do apocalipse, é palco de posições antagônicas extremadas negligenciando até uma possível situação terminal.

Não sofro mais com a constatação de que está tudo muito errado. Particularmente não terei condição de explicar a um extraterrestre que em nosso país, por exemplo, trabalhamos 5 meses do ano apenas para pagar imposto. O ser de outro planeta ficaria surpreso em saber que

apesar de tanto tributo temos de contratar um plano de saúde, pois a saúde pública beira o caos. Pagamos IPVA, que seria investido no aprimoramento e manutenção da malha rodoviária, mas, se quisermos trafegar em boas estradas temos que pagar pedágios. Pior ainda, os ditos representantes do povo são cheios de regalias e lutam, apenas, pela ampliação de suas prerrogativas. 

A questão do cometa volta a tela para evidenciar a atual situação do país. Estamos enfrentando a dicotomia direita/esquerda em um momento em que o Brasil vive um grande aperto. Espero, sinceramente, que tudo no final dê certo. Se realmente existe o juízo final, que cada um pague pelos seus erros. Esta é minha maior esperança e, com certeza - apesar de tudo - ninguém tira a minha alegria de viver!