Por: ATTILA MATTOS
28/04/2024
07:55:45
MINHA GATA ZEZÉ
Apesar de
imensa luta, não conseguíamos superar o tombo que tomamos do meu sogro, e eu,
ainda muito jovem, não tinha maturidade suficiente para administrar, enfrentar
e superar a situação. Por incrível que pareça, com todo sofrimento, ainda assim
éramos uma família linda; eu, minha esposa, nossas três filhas e as várias
pessoas que trabalhavam na clínica e na confecção. Mesmo com a grande dificuldade financeira,
nossa casa parecia uma festa todos os dias. Podiam ser ouvidos os ruídos das
máquinas de tricô, os latidos e miados dos animais, os risos, os choros de
criança, as nossas vozes e das pessoas que trabalhavam conosco.
Mas, como a
miséria muitas vezes destrói coisas lindas, nosso casamento começou a
deteriorar-se e assim, uma das mais belas estórias da minha vida, terminou no
dia em que o pai dela, meu sogro, o mesmo que nos traiu , veio busca-la junto
com nossas filhas devido à nossa incapacidade de nos relacionar e conduzir a
bom termo aquela família. Naquele momento a nossa família acabou para sempre.
Ainda hoje, não consigo contar essa estória sem verter lágrimas, mesmo depois
de mais de vinte e cinco anos.
Eu entrei em
desespero naquela casa onde dias antes tinham quatorze pessoas diariamente e
agora estava vazia. Até os cachorros eles levaram. Tudo que havia sobrado da minha família era a
gata Zezé, de quem eu não gostava muito, mas que naquele momento era tudo que
eu tinha. Foi o pior momento da minha vida. Cheguei a pensar que se a Zezé
ficasse doente, eu até venderia carro para tentar salvá-la. E ela ainda
insistia em ficar passando entra minhas pernas, roçando em mim num carinho
incessante como nunca havia feito antes, parecendo que compreendia minha dor. Graças
a Deus ela nunca ficou doente, nunca me abandonou e me acompanhou até o momento
em que me casei de novo e reconstruí minha vida. Só morreu quando estava bem
velhinha e eu já tinha superado aquela perda e dor da separação. Daqueles
tempos pra cá eu aprendi a respeitar e amar os gatos.
Então, amigos,
se não fosse a Zezé, eu poderia ter ficado louco ou feito qualquer outra
besteira. Ela foi minha filha, minha amiga e minha terapeuta no seu silêncio
felino de seus poucos miados. Nunca precisei ir ao psicólogo.
Portanto,
caros leitores, é preciso amar os animais com responsabilidade!!!