Por: CHICO VELLOZO
30/06/2024
07:16:06
BELEZA NA TRISTEZA
Realmente me emociono profundamente com a apresentação de uma orquestra, notadamente a primorosa apresentação da canção tema do filme Era Uma Vez No Oeste (https://youtu.be/i8BfrrOuEEs).
Se a melodia me encanta, as letras me inebriam. Sou muito eclético! De Moreira da Silva a Tom Jobim, passando por Pixinguinha, Cartola, Caetano, Chico, Gil, Milton Nascimento, Rita Lee, Moraes Moreira, Cazuza, Lulu Santos, Paulinho da Viola, Noel Rosa, Gonzaguinha... entre tantos outros talentosíssimos gênios do cenário artístico. me permitem contrariar a crença popular de que ninguém é insubstituível. Eles foram únicos e, para mim, incomparáveis.
Não curto “sofrência”, pelo contrário, aprecio a alegria de viver. Apenas me deixo levar pela emoção. Nem sempre a beleza está em coisas alegres, com certeza, existe muita beleza na tristeza.
Mais recentemente comecei a prestar atenção em Lupcínio Rodrigues! É impressionante a habilidade dele com as palavras quando discorre sobre uma intensa frustação amorosa. Em Vingança (https://youtu.be/ZXFginzWtFc ), um dos seus grandes sucessos, ele conta uma profunda “dor de cotovelo” com maestria.
Essa música machuca o âmago das pessoas, entretanto, o interessante é que, apesar de relatar tanto
dor, ele era grato a quem lhe causou desmedido sofrimento inspirando-o a compor: “sofri, mas ganhei dinheiro.”
Para quem gosta de obras-primas:
VINGANÇA
“Eu gostei tanto
Tanto quando me contaram
Que a encontraram
Bebendo e chorando
Na mesa de um bar
E que quando os amigos do peito
Por mim perguntaram
Um soluço cortou sua voz
Não lhe deixou falar
Mas eu gostei tanto
Tanto, quando me contaram
Que tive mesmo de fazer esforço
Para ninguém notar
O remorso talvez seja a causa
Do seu desespero
Ela deve estar bem consciente
Do que praticou
Me fazer passar esta vergonha
Com um companheiro
E a vergonha
É a herança maior que meu pai me deixou
Mas, enquanto houver força no meu peito
Eu não quero mais nada
E pra todos os santos
Vingança, vingança
Clamar
Ela há de rolar qual as pedras
Que rolam na estrada
Sem ter nunca um cantinho de seu
Para poder descansar”