A criança, segundo o fotógrafo, mordia tão forte os lábios para não chorar que chegava a sair sangue da sua boca. “Vi esse menino caminhando, ele tinha mais ou menos uns 10 anos de idade. Me dei conta de que levava um menino sobre seus ombros. Naqueles dias, era uma cena bastante comum de se ver no Japão: sempre víamos crianças brincando com seus irmãos e irmãs, carregando-os sobre seus ombros, mas depois percebi que no caso desse menino era uma situação muito diferente. Ele não usava sapatos. Seu rosto estava tenso. A cabecinha do menino que estava nas suas costas estava inclinada para trás, era como se fosse um bebê dormindo profundamente. Em certo momento, o menino parou diante de dois homens que estavam comentando sobre o peso que carregava.”, disse Joe O’Donnell ao descrever a cena por ele presenciada.

Essa história me sensibilizou profundamente! Ela me tornou mais compreensivo a partir do entendimento de que o “peso” em questão poderia ser metaforicamente extensivo a muita coisa.  As vezes deixamos nos levar por sentimentos pouco altruístas que nos distanciam de pessoas queridas. Todos erram e não devemos superdimensionar os desacertos. O distanciamento gerado por mim, motivado pela incompreensão, deixando de considerar a importância de pessoas em minha vida em função de pequenas mágoas, segundo minha atual avaliação, foi uma enorme fraqueza. Ao ouvir a canção e após saber de toda a história por traz dela, passei a relevar coisas que considerava inadmissíveis, simplesmente porque entendi que uma amizade, amor ou laço de parentesco deve estar acima de qualquer incômodo.

Nessa profunda reflexão busquei a essência dos sentimentos envolvidos em minhas relações pessoais e fui capaz de perceber o quanto essas interações aprimoram minha capacidade de amar. Erros e acertos fazem parte do desenvolvimento humano e o ato de perdoar é sublime. Pensando - e agindo – dessa forma tornei-me uma pessoa melhor. Devo tudo isso ao profundo entendimento desta frase: Ele não é um peso, é o meu irmão!

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