Por: ATTILA MATTOS
17/11/2024
08:04:53
ROBERTO, SUA CACHORRADA E A LEPTOSPIROSE
Quando Roberto chegava era uma farra com os
cães fazendo aquele alvoroço e, ainda mais, de manhã ou à tarde quando ele
distribuía ração ou petiscos para cada animal individualmente, e isso era
infalível. Até nos fins de semana Roberto ordenava alguém para que tratasse dos
animais ou ele mesmo ia até sua pequena indústria para alimentar seus amigos de
4 patas. Nunca esquecia os bichinhos. Às vezes tinha problemas como, por
exemplo, quando os cães perseguiam motos, carros, bicicletas e até mesmo
pessoas com quem não simpatizavam, e estas tinham medo da matilha
principalmente quando eram mordidas. As reclamações eram frequentes, porém
Roberto a tudo contornava com seu carisma ou com pequenas indenizações por
danos causados, tais como calças rasgadas, bicicletas danificadas, galinhas
comidas e outros.
Era uma quarta-feira de julho de 2007 quando Roberto estacionou seu automóvel em frente à fabriqueta. Estava um dia ensolarado, apesar de frio, e ele encontrava-se especialmente feliz. Trazia ossos para os cães e o cheiro causou euforia na turma. Roberto foi entregando um osso para cada animal que retribuía com latidos e lambidas. Após terminar a tarefa Roberto entrou na fábrica e começou a trabalhar. Passados alguns dias começou a ter febre, dores de cabeça, vômitos e outros sintomas. Foi ao médico que solicitou exames. Logo depois apresentou icterícia e prostração progressiva o que levou à indicação de internação. Quando chegaram os resultados dos exames ficou comprovado que era leptospirose. Supõe-se que ele contraiu a doença a partir da saliva de um cão que certamente havia caçado um rato portador do germe. Ficou internado por quase 2 meses e, por fim, faleceu com rins e fígado destruídos.
Ele nunca havia se preocupado em lavar as mãos depois de lidar com os
cães, desconhecia a existência das zoonoses e também nunca se preocupou com o
fato de que esses cães da rua não eram vacinados; ele preocupava-se apenas em
dar amor aos animais. A família de Roberto ficou sem o pai e o marido, seus
funcionários ficaram sem trabalho e os cães continuam nas ruas pois a
prefeitura daquele município não tem abrigo para albergá-los, assim como em
muitos municípios do nosso país, talvez porque abrigo para cão de rua não dê
voto apesar de ser legalmente obrigatória a prestação desse serviço pelos
órgãos públicos municipais. Casos como esse de Roberto acontecem aos milhares
por esse Brasil a fora o que faz da leptospirose a terceira causa de morte do
homem no Brasil por doença infecciosa, só perdendo para aids e tuberculose.
Portanto, passo agora a dar sugestões, como sanitarista que sou, para reduzir o
risco de se contrair a doença, e assim diminuir na estatística o número de
óbitos relacionados à leptospirose:
- NÃO TOQUE EM ANIMAIS DE RUA
- VACINE SEU ANIMAL DOMÉSTICO COM A ORIENTAÇÃO DO MÉDICOVETERINÁRIO
- FAÇA COMBATE SISTEMÁTICO A RATOS E OUTRAS PRAGAS
- SIGA AS NORMAS HIGIÊNICO-SANITÁRIAS
- COBRE DAS AUTORIDADES MEDIDAS PARA SOLUCIONAR ESSES PROBLEMAS
Enfim caro
leitor, é preciso amar os animais com responsabilidade!!!